domingo, 31 de agosto de 2008

Next One


Sou rápido
venho e vou nesta estrada
chego
quando esperas me encontrar
já fui
Não sou menos teu por isso
Ao contrário
Quando vou
Em mim teu maior amor
Quando chego
A maior saudade
Pena, não tive tempo de dizer

Eu te amo

Ainda bem que avisei:
Até a próxima!

Mulher.

sábado, 30 de agosto de 2008

chuva e a janela


agora uma ode ao amor
sem demorar
simplifico
chega de complicar

uma ode à tua nuca
às costas que arrepiei
um verso ao nunca
como teu sempre serei

ode ao quase impossível
à chuva deste amanhecer
justo após outra noite incrível
quase não há como crer

ode à esta pequena
como que por fresta
troçando em festa
pulou dos sonhos do esteta

troçando, sorrindo e serena.
escapaste do meu bico de pena.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

desgaste


creio ter perdido a conta
tudo bem
vejo que nisso não há monta
tudo zen

mulheres e caminhos
confundo sim
corpos e ninhos
confundo assim

beijos, perfumes e mãos
pela fala
nucas, cabelos e jeitos
pelo falo

credo...
quanto desgaste
pelo ralo.

Pois então...


Pois é... Como vocês devem ter notado, há alguns dias não posto nada novo na página. Não é à toa. Além de estar em Porto Alegre para a formatura da minha maninha, pouco antes de viajar atingi um ponto cabalístico (ao menos para mim): postei a centésima poesia. 100! Pois então... Fiquei pensando se as coisas não estavam meio fábrica demais e sensação de menos. Na verdade, pensei, pensei e não cheguei à conclusão alguma (como quase sempre). Pois bem, a verdade é que inauguro então a partir deste momento um outro momento, não apenas pessoal como também, e por que não? - "bloguístico".

A idéia inicial desta página era preservar um pouquinho de minha parca sanidade, escrever algo que não estivesse relacionado ao mestrado - e penso que para isso foi de grande valia! Agora acredito que as postagens serão um pouco irregulares, às vezes em profusão ou em ausência. Conforme as idéias forem surgindo. Sinceramente gostaria de tentar outros estilos, outros temas... Mas ainda preciso melhorar muito nesses quesitos. De qualquer maneira agradeço às leituras alheias, mesmo que não sugiram ou comentem nada, vejo que algumas pessoas regularmente passam por aqui - acho isso ótimo. Podem se comunicar, ainda não mordo. Ainda.



obs. A foto aí acima é um desses breves momentos que a poesia e a fotografia surgem, mesmo sem o uso de palavras. Foi tirada por mim na rodoviária de Ribeirão Preto/SP neste mês de agosto/2008.

domingo, 17 de agosto de 2008

Discurso Insistente


Escalavrei as linhas em busca tua
Corri à rua
Minhas toneladas de solidão
Precisam desse amor em grua
Ergue o peso da ausência

Agrido os ouvidos alheios
Puxo esses versos
Imagino-os como arreios

Em vão tento refrear
Não consigo
Lágrimas insisto
À rodo derramar

sábado, 16 de agosto de 2008

Inteiro


Adoro as meias verdades
Nas tuas meias palavras
Sagacidades
E eu perdido na cidade

Amores inteiros te entreguei
Apesar das tuas metades
Palavras, verdades...
Esqueceste uma coisa inteira comigo
A meia-calça
Algo inteiro além de mim nessa história há
Sem mencionar teu umbigo.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Tua Melhor Parte


Acabemos em riste
Comecemos bem tristes

Contornemos a bancada
Soltemos nossas gargalhadas

Agora em abraço solto
Um amor revolto

Alarguemos em vidas pragas
Cuspamos carinhos às velhas chagas

Do contrário às tuas vivências
Não são de horror as referências

São de puro momento
Soltemos amor às chagas que pedem excremento

Caso não tenhas entendido ainda
É teu melhor pedaço que peço
Uma fatia de boca em carmim moída

Gargalhemos, soltemos, enlacemos
Esfacelemos, briguemos

À tapas um ao outro pilhemos

Qualquer véu de água e sal
Se é pra ser em lágrimas
Que seja esse nosso momento
Que esse seja nosso casamento.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Inocência Infantil


Inocência do menino ao bodoque
Atirou sem querer acertar
E agora?
O passarinho agonizante
Resultado de Pedrada
Mas é pedrada de menino
Não mata

Atirei-te um beijo
Não era pra acertar
E agora?
Mulher arfante
Resultado de beijada
Mas é beijada de poeta
Não ama

Recolho meu bodoque e vou-me embora
Inocente.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Regressão Impossível


Pelo que esperam essas senhoras nas esquinas
O que fazem caminhar essas meninas
O que fazem essas pessoas esperando
Um nada que nunca chegará

Afinal o que vim eu a observar tudo isto
A todos parece isso ser a vida
A mim é espera de sentido desprovida

Por que essa irresistível vontade
Essa ópera registrar
O que fazem caminhar essas meninas
Pelo que esperam essas senhoras nas esquinas

A vida vai e volta
Distribuindo mazelas
Ignóbil à ciência
A nós só resta o ócio
E descobrir como gastar mais para preenchê-lo

Pelo que esperamos todos
A transcendência de existir
Vai-se abraçada na inocência da infância
Deveríamos nascer velhos
E morrer no útero
Felizes.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Vício de Você


Oferece mais disso
Vamos, não exijo compromisso
Dê-me logo isso

A ti quero usar
Sim, quero experimentar
Se em ti viciar

Não há conflito
Mesmo aflito

À abstinência
Enfrentarei com paciência.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Um dia na Relva


Deitei sossegado
No colchão de relva
Pelas folhas em cuidadoso e lento preparado
Ao chão entrego minhas parcas carnes às levas

O anil sobre a cabeça contrasta com o amarelo
Sustentado pelas flores plenas de sementes em prelo

Anil de céu claro
Azul de pudor raro

Hoje estou assim
Esse perfume de dia sem nuvem
Mesclado ao teu cheiro Arlequim
Pintura e fantasia nutrem
Meu devaneio de sono perdido em capim

Dá-me teu sorriso
Leva-me nessa tua alegria
Apaga a lágrima pintada em rosto liso
Arlequim, é só uma fantasia

Meu amor, a lágrima pintada
Quem diria
Esconde à força dada
Nossos vindouros dias de alegria.

sábado, 9 de agosto de 2008

À Terra, com amor.


Estamos cheios
De paixão, de ódio, de conveniências
Aqui nos falta
Paciência, penitência, inteligência
Não estamos
Para ouvir, restituir
Estamos
A usufruir, gozar, danar
Dormimos
A sonhar e depois de gozar
Acordamos
Antes de trabalhar, chorar e velar
Sempre no ritmo
Na batida incansável
Dos punhos do ponteiro
Contra a porta dos teus cabelos brancos
Respiremos
Ainda há muito para chorar
Acordados e inconscientes
Ignorando que somos humanos
E, brevemente,
A alegria da terra
Em braços de cova nos recebe
Agora sim, para sempre
Amor eterno.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Fresta da Minha Ilusão


Orifício ausente
Espio por fresta
Teu despir
Nesga do imaginário presente

Porta sem fechadura
Acho que vi
Alguma ilusão pura
Nua sem estar aqui

Comisero um olhar
Anteparo diante do breu
Corpo sem notar
O toque em verso deste pesar.

De soslaio...
Um sorriso!
É a certeza
A confirmação
Um verso sentiste em suave brisa
Toquei em ventos de palavras
Teu distante coração.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

À Distância


A juventude que trazes em olhar
A pouca altura que perdes em andar
Desgrenho cabelo
Beleza em desvelo

Perco os anos que ganhei
A cada passo ao lado
Quando pensei
Em menina esse feliz achado

Agora é saudade forte
Amor de pouca sorte
Por isso, me dê essa dança
Juntos, desse amor façamos esperança.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Frugalidade


Voz alguma acalenta
Em dor que não cala
Não há voz
Não há cabala
Nada pára a lástima

Partiu ao meio teu peito
Essa chama de palavras
Agora segura
Mesmo tu pediste estes versos

Joga pro alto tudo
Mesmo aquilo que não te pertence
Se ao acaso um de mim sorteares

Quem sabe no fim do fim
Comemoraremos numa noite frugal

Iremos além dos olhares
Em banquete de nós
Saborearemos nossas carnes.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Emaranhado


Cortês, corte o cortejo
Justo, sem custo um lampejo
No busto, colado no rosto um susto
Meca
O custeio sem receio veio ao meio
Partido, caído e já decidido
Foi visto, bem quisto, de pronto listo.
Agora unido, vendido, vencido
Amor foi calor
Hoje estupor
Doma esse coma
Dorme sem uniforme
Distorce essa fala em código Morse
Une impune
Nessa lei de ser rei
Trono sem dono
Já profetizavam os Secos e Molhados
Coisa leve
Leve coisa
E eu completo
Leve alguma coisa
Leve coisa alguma.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Sampa


Parto do cinza da cidade
Vou-me embora debaixo de muita chuva
A artéria das marginais pulsa
Regurgitando faróis na capital paulista

Células de um corpo urbano
Em cada célula-carro
Organelas humanas indo e vindo eternamente
Organelas urbanas
Humanos da cidade

A chuva é fina e constante
O colorido da paisagem fica por conta das mudanças de pista
O amarelo pisca-pisca destoa do retrato cinza
Cinza, descolorido só
Não feio.
Bela, urbana e concretamente armada beleza
Lindeza urbana de um domingo sem sol
De rodoviária cheia
Coração pulsante de células maiores

Ônibus misturam-se aos carros
Igualmente lotados de humanos
Todos autômatos desse organismo citadino
Perdem a beleza do asfalto úmido
Do concreto cinza que agora brilha molhado
A preocupação é chegar
Em algum lugar
Qualquer lugar
Esqueceram-se do motivo
O importante é chegar
O porquê fica pra depois
Pra quando acabar a chuva
A beleza de um dia de sol é mais fácil de agüentar
O dia seco e de sol não é da cidade
É dos humanos

E ficam as ruas
Concreto morto unindo as pedras da calçada e das moradas
Ambos anseiam
Pelo próximo dia cinza
E chuvoso
Seu dia.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Verão Frio


Hoje sou o que não esperava
Busco outra porta em que nunca estava

Cor de maio, flores de outono
Primavera em desconto de inverno

Ao verão chego logo
O calor nas mãos desperto

É perfume de amor que sinto
Estação em que não minto

Desci do olhar
Cheguei sem pensar
De cabeça ofereço tudo
Agora acaso busca cada pedra do caminho
Obstáculos ao meu carinho

Liso, caminho liso
Sem pedras, sem nada
Retidão que leva a quê?
Precipício?
Auspício?

Hospício?