quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Enigmático


Enxergue minha fome
A veja como tudo que esse olhar enseja
Qualquer coisa sem nome

Só de pirraça
Apenas por graça
Desfaço cada nó,
A mão nem disfarça

Vê quem é essa fome
Quem sem graça come
Quem faz rir e some

Veja em mim
Essa desmedida, faminta e sem juízo
Em mim
Desgarrada ânsia esfíngica
A repetir...
Devoro-te, devoro-te

O nó que desfiz
Era a possibilidade de resolução do enigma.

Agora devoro-te.

sábado, 22 de novembro de 2008


Que cigarro escolher? Mentolado ou normal? Sair hoje de preto ou vermelho? Almoçar ou fazer um lanche? Ir de ônibus ou caminhando? Assistir a que filme se estão passando tantos? Que comida servir-me no buffet? Sorrir ou chorar da miséria alheia? Dentre tantas escolhas, ainda queres que eu decida se quero ou não casar-me? Tenha dó.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Exclusividade

Misturo os nomes todos, confundo as histórias. Em meio a beijos e memórias curto mais uma noite em lembranças. Um telefonema choroso pedindo-me que volte, uma carta rasgada e ainda assim enviada mandando-me ao inferno, um olhar, um beijo roubado, outro imaginado. Coleciono todo o tipo de objeto, meu museu. Nunca abro as portas à visitação. Apenas eu o freqüento. A entrada? Sempre um ticket de insônia.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Discenso


não havia sentido-me tão só
ainda não
hoje se possível fosse
mesmo eu me abandonaria
sairia de mim
deixar-me-ia falando sozinho

cisão à realidade
impossibilidade física
discordo de mim e pago caro por isso
hoje, é o acerto

essa sensação...
como ainda não a havia provado?
essa fome de alguém que não existe
esse estar sem se fazer presente

acertei cá comigo
nos ajustamos
não me abandonei por detalhe
sigo junto, porém
sem reconciliação
investindo nessa relação de aparências.

sábado, 8 de novembro de 2008


Parei junto ao leito do rio
A água que por aqui passa é única

Somos também
Únicos

Nem teu olhar
Nem essa água
Repetirão o último instante que passou

Como o rio
Teus e meus olhos mudam a cada segundo
A cada momento

Como dizer que amo a ti
Se, como as águas do rio
Insistes em correr sem paradeiro?

Resta deitar-me ao leito
Leito de rio
Deito
Outro amor se foi
Mais um sonho desfeito

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Linda Jóia


A pérola que te entreguei
Foi feita colar junto à outras
As enflileiraram
As furaram para passar corrente
Agora são todas iguais

Mas aquela
Que confundes entre outras
Era minha
Era única

Aquela pérola
Única que tinha
Agora ostentas nesse pescoço
Juntadas na corrente desse olhar
Enfileiradas sem pesar
Agora são iguais
Formam um só objeto

Teu colar de lindas pérolas
São sorrisos e olhares colecionados
De corações por ti destroçados

Linda jóia
Enforque-se com ela bela dama
Por favor.