quinta-feira, 30 de abril de 2009

para rir um criado


De que tanto riem esses homens?
O que há de jocoso aqui?
Meus caros, rindo-se assim
De seus próprios estapafúrdios
Assemelham-se a mulas
Apesar destas ainda serem de boa serventia

De que tanto riem esses homens tolos?
Acumulam às custas de todos
Lodo em seus bolsos
A quem souber olhar direito mesmo com desgosto

As mentes são infantis
Exibindo a última mais ousada estripulia
Brincadeira de criança
Ao mundo dá os rumos

Rico ri à toa diz o populacho
Eu retruco
Rico ri de bobo, é o que eu acho.

terça-feira, 28 de abril de 2009

estranhas paragens


arre!
vem mais um dia por aí
mais um para aproximar o fim
ainda os tenho muitos
para quê?
não possuo resposta, sou mosca morta nesse mundo
não me reconheço aqui
sou de outro lugar
sou de outro existir
não sou daqui
estrangeiros de mim e de ti
somos de outras paragens
nascemos errados
há mundo pra nós?

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Orador


pior que existir e questionar a isto
é tentar explicar aos outros
deixem-nos descobrirem
deixem-nos esmiuçarem
se nada tens a temeis...
afinal, porque a censura?

são apenas homens
homens como vocês....
deixem-nos investigarem...
não há o que perder se vosso dogma é realmente eterno
não temais se vossa verdade é única.

apenas temais se a duvides....
base da verdade,
a dúvida nossa.

amém.

sábado, 18 de abril de 2009

old age


reparei um detalhe em meu detalhismo
é que minimizo, reparto, diminuo, corto
assim, nas miudezas faço minha parte
por ali, nas rugas das senhoras
nos pêlos brancos que os senhores apresentam
detenho meu ponto, um equilíbrio

é que diminuo, fraciono, despedaço
desse jeito limito a vida
atendo-me aos pequenos furos das peles das gentes
anos a fio carreando-os
puros e pequenos orifícios longilíneos e inúteis

é que hoje prendi-me aos detalhes, à futilidade, à muita idade
assim, vendo a beleza do tempo no anverso da estética
desperdiço meu parco momento nessa lida
ansiando pelas próprias marcas
temendo encontrar um estranho ser
que nelas um dia repare

aos vincos que virão
um abraço dos que aqui já estão!

quinta-feira, 9 de abril de 2009

minimal


rasguei a beleza das gentes
belas são as pessoas
mulheres e homens
etiquetados
todos são tão perfeitos que sinto vergonha em ser assim
minto, purgo, sofro.

e os outros?
não sei... são todos tão perfeitos...

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Não sendo somos


somos nós e não somos
figuramos a história que pelo mundo foi
guardou olhares, segurou nossas mãos
somos nós e não somos

como é possível?
reconhecer um sorriso em seu olhar
confundindo com tudo
somos nós e não somos

mas há prova
há teste
há como saber
e será hoje...

olha-me, mira-me...
escavarei a verdade no verde desse olhar
mesmo que sejamos nós e não...

meus olhos
enxadas pesadas em vossas pálpebras
insistenstes buscarão
mesmo que sejamos nós
ou não.