domingo, 28 de dezembro de 2008

Levo Flores


escrevo até que os comprimidos façam seu trabalho
me desliguem
dormindo não dói
não te vejo passante
abandonando a vida que tivemos
o princípio de nada
o beijo contrariado
socialmente proibido
desejado tanto quanto indefeso
sem retirada de ninguém
sem sentido assim como estarmos juntos
hoje te sepulto
não te vejo morta
levo flores como em um primeiro encontro
esperançoso atrás daquele sorriso teu
tolice
cadáveres não se movem.

domingo, 21 de dezembro de 2008

Moça


Portei céus em meus bolsos
Estrelas escondidas no chapéu
Constelações inteiras
A lua mal coube na algibeira
O sol?
Este ficou a mirar-me,
Afinal, levava comigo a noite inteira
Céu no bolso, estrelas no chapéu e lua na algibeira
Sol espreitou-me em novo dia seu
Fitou-me da soleira
Amanheceu

Insisto em carregar a noite comigo, assim, feito moça
Braços dados, faceira

Um encanto.


Solteira.

domingo, 14 de dezembro de 2008

Sina da profissão


Amanhece outro dia
Desvanece outro riso

Desfalece a moça em meus braços

Desfaleceu, morreu

Agora porto cadáver
Anatomista que sou
Os coleciono

Mais um na estante
Belo adorno.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Mãos de Lenço


Com mãos de lenço
Sigo aparando lágrimas
Insistem em cair
Esqueço e não penso
As causei ao sair

Olhos azuis, castanhos e negros
Sempre o mesmo fundo
Vermelho

Mãos de lenço inundo
Do mesmo apelo
Coro insistente
Consente, descontente

vermelho, vagabundo, imundo.