quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Eu gosto é de ser humano.


Meus sentidos são temporais. Estão intempestivamente ligados ao que vivi hoje em memória, à hora se é dia ou noite, a mim se me encontro feliz ou triste. Como pensar assim? Como querer perceber a que serve a razão se possuo sentidos encravados no dia de hoje? As linhas que registro aqui amanhã transpassarão meus olhos adquirindo outro sentido, assim daqui a um ano, uma década. Impossível explicar a existência perante o tempo. Os signos mudarão, as matrizes que me encontro hoje transformar-se-ão em outras interpretações a respeito do que pensei hoje largando linhas neste espaço-tempo definido. Os óculos que lerão estas linhas igualmente serão outros que sequer imagino. Portanto, o que escrevo hoje, mesmo datado, é transversal ao tempo e aos signos. Esforço a concentração, contaminada pelo último livro que li, pelo último autor que, assim como eu, igualmente sentou-se e registrou-se em determinado momento. Este não existe mais, o reinventei ao tocar meus olhos em suas linhas. Admirável existir humano, não canso de me embevecer diante dessa maravilha que somos.

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