terça-feira, 6 de janeiro de 2009

é da vida desculpar-se


Sim, é parte fazer-se mal entender
em elogios querer
rasgar alegrias ao passado
e não fazer-se entender

é da vida a confusão das palavras

intenção possuir
pouca boca pra tanto anseio
faltou ouvido
sobrou desdeio

amor eu tive um
e foi único
e foi linda
foi-se comigo à tiracolo
ao meio

hoje, metade de mim aqui escreve
e, como não sou inteiro
sussurro meias palavras
sorrateiro

ah! queria eu fazer-me entender
declarar um amor ligeiro
com minha meia boca que restou
gritar ao mundo inteiro

amor, que única foste!
que fomos um só!
que hoje sou lembrança...
que hoje ando só!
que fui criança!
agora em metade, ao meio
em lembranças completo meu recheio
meia boca, meias palavras
calo-me, perdi o esteio.
desculpe, nossa receita foi-se embora
estava no bolso direito do paletó
o meio eu que agora escreve
é canhoto só
restei esquerdo agora
o bolso direito foi sem alarde
meu outro eu, minha meia história
a receita é tua vontade
em devolver a minha metade.
mesmo aqui
envolto em meias verdades
lembro-me bem
o sorriso inteiro, a felicidade
é a junção de nossas metades.


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