segunda-feira, 28 de julho de 2008

Vocação sem Talento


Não sou homem de talentos
Busco calma em meus intentos

Passo pouco a cada profissão
Sem soldo dedico-me aos trabalhos à mão

Como florista
Faria arranjo sem fita
Um buquê,
Arrimo em tecido de chita
Buquê de flor-da-pele
Tua matéria prima
Arranjo meu e teu
Nossa pele

Como camareira desleixada
Desdobraria mal os lençóis
Conservaria a marca do teu corpo
Não trocaria as fronhas
Há cheiro de nuca desejada
Ali presente em noite passada

Motorista desleal
Escolheria sempre o maior caminho
Você não perceberia
Faria mais tempo
Por mais um abraço lento
Um último carinho no fim da via

Vendedor astuto
Por pouco liquidaria
Meu coração venderia
Pelo último beijo do dia

Não sou homem de talentos
Busco calma em meus intentos

Caso não existisses
Mesmo sem talento
Seria eu inventor
E você, meu melhor invento.

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