sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Quero ser árvore


Se sou apenas eu, que faço eu do mundo? Ele aí está, sustentando meus pés e sorrisos, forçando-me a acatar seus erros prontos. Que faço eu do mundo? Ele está em mim, mais que eu nele. Maior, abarca a mim e ao resto, às coisas e aos outros. E se eles também pensassem assim como eu, que fariam de mim? Se acaso se perguntassem o que fazer do mundo, do nosso mundo. Mas, o mundo é dos homens? Apenas por saberem de sua própria existência? Justamente o que faz dos homens homens, e não coisas, é o questionamento de si. Por que quando julgo o outro estou julgando a mim mesmo, quando o condeno, condeno o homem e sua forma de ser no mundo. Afinal, o que é essa indizível ânsia de isto compreender? Há o que compreender? Por que não apenas curtir a existência sem questioná-la, por que também não posso eu ser coisa? Coisa. Coisa assim, sem noção de que existe um nada, um vazio, uma angústia. O mundo hoje coisifica a todos, nós mesmos imploramos por isto. Coisificação.
É duro conviver com certos problemas humanos. Fácil é ser pedra e chorar obviedades fúteis, compradas. Entramos no esquema desde que nos garantam esse afastamento, esse distanciar-se da condição humana que nos acompanha. Lemos a cada dia menos, consumimos a cada instante mais. Coisifiquemo-nos pois! Apenas assim é possível existir nesse mundo de hoje. Somos todos um só ser sofrendo do mesmo mal? Muitas vezes penso que sim, à semelhança de quem une as mãos para formar um círculo, unimos as forças pelo “progresso”. De quem? Para onde? Para quê? Para quem? A quê me vem tanto questionar? Apenas seria tão simples moldar minha engrenagem e girar para outras... E quem garante que essa caçamba de questionamentos não é o meu giro na engrenagem existencial que somos todos?

Nenhum comentário: